Reflexão Sobre a Vida e o Desengano

Dorme, que a vida é nada!
Dorme, que tudo é vão!
Se alguém achou a estrada,
Achou-a em confusão,
Com a alma enganada.

Não há lugar nem dia
Para quem quer achar,
Nem paz nem alegria
Para quem, por amar,
Em quem ama confia.

Melhor entre onde os ramos
Tecem docéis sem ser
Ficar como ficamos,
Sem pensar nem querer,
Dando o que nunca damos.

(Fernando Pessoa)

Eu mergulhava em tristeza na minha existência sem cor, até que alguém surgiu e exclamou: Celebre a vida!

Eu celebrei, contudo, a solidão rapidamente trouxe de volta a melancolia, e aí alguém me aconselhou: Entregue-se ao amor!

Eu me entreguei, mas a dor do desengano logo se fez presente, e então, mais uma vez, alguém recomendou: Ofereça perdão!

Eu ofereci perdão, porém o vazio persistia e a nostalgia apertava, e novamente alguém sugeriu: Deixe ir!

E agora eu declaro: eu vivi e me entreguei, perdoei de coração, mas esquecer você é uma dor que permanece.

Como bem se diz, as palavras têm o peso das balas; uma vez disparadas, não há como recolhê-las, e o seu poder de ferir é letal. São poucas as coisas no mundo que machucam tanto quanto as palavras. E é exatamente por isso que, em momentos de fúria, recorremos a elas, cientes de que são as armas mais eficazes para atingir alguém.

Palavras lançadas sem reflexão, impulsionadas pela força do momento, direcionadas ao coração para machucar, são as que mais custam a ser perdoadas. Quanto mais íntimo é o laço com alguém, mais potente é o estrago causado por palavras ásperas, que nem sempre refletem o que de fato sentimos.

Por isso, preciso que você saiba que as palavras que lancei contra você foram fruto de um descontrole emocional, disparadas por sentimentos desordenados e por tempestades internas!

Infelizmente, não posso retroceder no tempo e apagar da sua memória o que proferi; peço apenas que compreenda que tudo foi dito sob o calor da emoção, e que nada daquilo corresponde ao que realmente habita o meu coração.

Suplico seu perdão, repetidas vezes perdão! Tenho esperança de que você possa me absolver e que, em breve, possamos dialogar cara a cara. Sua presença é extremamente valiosa em minha vida.

Deixo aqui minhas desculpas mais sinceras e profundas, na expectativa de que elas possam aliviar as feridas que causei.

Momentos de Contemplação e Aceitação

Hoje, reservamos o dia para a reflexão! É a hora de enfrentar a verdade da existência, o girar das estações e reconhecer que quem nos deixa, apenas deixa o seu invólucro terreno.

Memórias incontáveis, ecos e visões eternas que assaltam a mente e provocam lágrimas no coração repleto de saudades. No entanto, permanece a serenidade, aquela serenidade tão necessária tanto para quem parte quanto para quem permanece, procurando compreender os desígnios da existência. Até que nos encontremos novamente!

O período de reflexão que dedicamos à nossa relação tem sido um verdadeiro aprendizado para mim. Percebo que, apesar de nossas dificuldades, a ausência da tua presença é muito mais angustiante do que qualquer desafio que enfrentávamos juntos.

Podemos transformar nossa situação. Permitir que nossos sentimentos renasçam, empenhando-nos em preservar a harmonia e o entrosamento que sempre tivemos. Tudo se resume a darmos mais uma tentativa.

O conceito de sabedoria nasce da fusão de duas ações: conhecer e sofrer. Esse entrelaçamento lexical se constrói ao longo do tempo. É esculpido no passado e se destina ao uso no agora e no porvir.

Embora os períodos de alegria sejam os mais almejados e memoráveis, é inegável que não se aprende sem sentir dor. E a existência, em certos momentos, machuca.

A sabedoria é o fruto colhido por quem se permite aprender com as adversidades. Assim, quanto mais se experimenta a vida, mais sábio se pode tornar um indivíduo. A triste ironia disso é que, ao adquirirmos mais sabedoria, também avançamos na idade, e o tempo para aproveitar esse conhecimento se encurta. Essa é a dor e a beleza do viver, o equilíbrio que a mortalidade impõe. Buscar sabedoria é o grande desafio da existência, mas seria magnífico ser jovem e sábio, com um horizonte inteiro à disposição!

Como muitos expressam: "Ah, se eu tivesse aos vinte anos o discernimento de hoje..." as experiências não teriam sido tão dolorosas. Ou, pelo menos, eu saberia encarar a dor de um jeito distinto...

Por essa razão, o mais sensato que os jovens podem fazer é escutar aqueles que já trilharam um longo caminho, geralmente os mais experientes. Ainda que a sabedoria não seja algo que se possa passar adiante como um objeto, sempre é possível absorver algo das histórias e vivências alheias, para que possamos enfrentar nossos próprios desafios e alegrias, e assim forjar nossa própria sabedoria.
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